Tomb Raider - Analise


Tomb Raider


Publicado por
: Eidos Interactive
Desenvolvido por: Core Design
Gênero: Action-Adventure
Diretor: Toby Gard
Plataforma: Playstation, Sega Saturn e PC
Data de lançamento: 14 de novembro de 1996
Faixa etária: Teen


Tomb Raider ps1 analise https://32bitplayer.blogspot.com/


Tomb Raider é mais do que um game. Trata-se de um mito, um símbolo, uma ideologia. Tomb Raider chegou em 1996 para revolucionar o modo como os jogadores jogavam Action-Adventures. Com elementos nunca antes imaginados, polêmicos e excelentemente trabalhados, a série virou um marco no Playstation. Tudo o que a série oferece hoje em dia já era apresentado nesse clássico dos clássicos da era 32 bits. Vamos relembrar agora Tomb Raider?

Tomb Raider é uma mistura de estilos. Não há uma definição exata, mas a que mais se aproxima é Action-Adventure. O jogador controle Lara Croft o tempo todo, e ela está sempre presa dentro de um dungeon tendo de encontrar um jeito de escapar dali.
Como um jogo Platformer, há muitos buracos e coisas para saltar, e Lara tem de usar seus pulos mais do que nunca. Talvez o pulo seja a habilidade de Lara mais útil do game, e a que usaremos com maior frequência. Lara possui uma grande variedade de movimentos, como diferentes direções de pulos, a possibilidade de se esgueiras e escalar plataformas altas, além de muitas formas de movimentação. Sem contar que Lara consegue interagir diretamente com o cenário, empurrando blocos, acionando mecanismos, pegando itens e abrindo portas para poder avançar.
O sistema é muito próximo àqueles jogos Adventure mais antigos, como Myst, por exemplo. Naqueles games, o jogador se encontrava sempre dentro de um terreno gigantesco e repleto de armadilhas e de quebra-cabeças que precisavam ser solucionados. A resolução de um quebra-cabeça sempre levava o jogador a um outro quebra-cabeça, e assim por diante, até que se conseguia o objetivo, que podia ser encontrar um certo item ou mesmo fugir do local. Bem, o mesmo procedimento acontece aqui, só que em três dimensões e em terceira pessoa.
Cabe ao jogador observar bem o cenário para localizar pontos-chave e se guiar. Temos de procurar constantemente itens, chaves, alavancas, passagens, portas, frestas, enfim, elementos que possam nos ajudar a seguir adiante. É claro que nem tudo está escancarado diante do jogador: temos de realmente olhar em volta, pensar e tentar achar uma forma de se prosseguir. Trata-se de um desafio de raciocínio: ver um ponto distante, ou um item em um local específico e bolar um jeito de se chegar lá. Porém, tudo se torna ainda mais complicado porque a maioria das fases do game são feitas para se parecerem com labirintos, de modo que não é nada difícil se perder dentro delas. Na verdade, é até comum se perder. Essa era a intenção do game. Não há qualquer tipo de mapa ou localizador que possa nos ajudar a nos orientar, com a exceção de uma bússola que nos diz para onde fica o norte ou o sul. Isso só serve para complicar o game, mas não chega a atrapalhar o game. Basta que se acostume com isso. Apesar de o jogo ser difícil e exigente às vezes além da conta, se torna muito divertido quando começa a se acostumar.
O jogo está repleto de enigmas, e muitos deles intrincados o bastante para fazer com que o jogador pense e reflita durante vários minutos, até horas. É preciso até mesmo um pouco de conhecimento acerca de história e de lendas para se resolver alguns enigmas, como por exemplo quando temos de usar a mão de Midas para transformar barras de ferro em ouro e solucionar um quebra-cabeça. É preciso muita memória para se lembrar constantemente de onde passamos e entender o que temos de fazer a seguir.
Além de tudo, o jogador tem de prestar atenção constante nas muitas armadilhas disponíveis nos cenários. Lara invade templos e locais remotos que aparentemente odiavam visitantes. Podemos perceber isso pelo grande número de armadilhas de todos os tempos. Tem aquelas velhas armadilhas de chão que se quebra quando passa, tem paredes que se fecham, pisos com estacas, tetos que caem, bolas imensas que pedras que rolam e tentam esmagar o personagem, e por aí vai. O jogador precisa manter-se atento a todo instante, e ter reflexos apurados, ou irá morrer toda hora. Será um desafio e tanto no começo, deixar de fazer as coisas por impulso, mas logo se pega o jeito. Após se acostumar com o estilo do game, o jogador irá aprender a nunca ir pegar um item aparentemente deixado no chão, sem antes observar se não tem algo em volta que pode matá-lo.


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Por falar em armadilhas, todo cuidado é pouco no game. O jogador apenas pode salvar o game entre as fases, e, no decorrer das fases, em savepoints específicos. Os savepoints só podem ser usados uma vez, então é preciso tomar ainda mais cuidado. Pense bem antes de usar um savepoint, pois você nunca sabe se iré precisar mais tarde. Não é nada legal morrer após resolver um quebra-cabeça difícil, só para ter de voltar e tentar novamente. Por sorte, o jogo disponibiliza muitos savepoints, apesar de que esse número vai se tornando cada vez mais e mais escasso conforme se prossegue na aventura. Enfim, pode salvar à vontade, apenas tente não desperdiçar savepoints salvando aleatoriamente.
Mas o jogo não é só um quebra-cabeça depois do outro. Se fosse, seria um Adventure comum. Mas Tomb Raider faz jus ao seu gênero "Action-Adventure" por possuir fortes elementos de ação. Os cenários possuem vários inimigos que tentarão impedir Lara de avançar. Podemos citar morcegos, leões, jaguares, jacarés, macacos, e até centauros e múmias. Para enfrentar todos esses inimigos, Lara possui suas armas inseparáveis: duas pistolas com munição infinita.
Os movimentos de combate foram muito bem pensados. Basta sacar a arma a qualquer instante, e Lara irá sempre mirar no oponente mais próxima automaticamente. Como os inimigos são geralmente mais rápidos do que Lara, temos de nos manter distantes até que ele morra. Enquanto enchemos o bicho de balas, podemos pular para frente, para trás e para os lados, ou correr de um lado para outro. É muito legal ver Lara realizar suas acrobacias enquanto lida com vários inimigos ao mesmo tempo. É preciso muito reflexo para sair ileso de algumas batalhas, principalmente quando enfrentamos seres humanos, tão bem armados quanto Lara e com uma ótima mira.
Lara possui uma barra de vida que se esgota muito rapidamente. Para a sorte do jogador, há muitos itens de cura espalhados pela fase, de modo que é bem difícil ficar sem vida para encher. Basta ser atento e procurar bem em cada cantinho do cenário que logo se encontrará diversos itens de cura para usar.
Por falar em procurar em cada cantinho do cenário, nunca se usou tanto essa expressão quanto nesse game. Tomb Raider literalmente lhe obriga a não passar desapercebido diante de nada. Em cada uma das fases do jogo, há de três a cinco áreas secretas escondidas. Essas áreas possuem um grande número de itens, e ajudam bastante o jogador que quiser encontrá-las. Saiba que não será fácil: muitas dessas áreas secretas estão muito bem escondidas, e exigirão doses imensas de atenção a detalhes e paciência. Mas pode ter certeza de que será recompensado ao encontrá-las.
Ao terminar cada uma das fases, verá o tempo que levou nesta determinada fase, o número de inimigos que matou, o número de itens que pegou e o número de lugares secretos que encontrou. Tudo para que possa jogar mais uma vez e tentar fazer um desempenho ainda melhor; de preferência, encontrando todos os locais secretos de todas as fases. Saiba que não será nada fácil. Mas também não receberá nada de mais se conseguir fazer isso, no entanto.
Após fechar o game, poderá jogar novamente. Poderá selecionar qualquer uma das fases, e terá munição infinita para todas as armas. Legal, né? Em compensação, é o único extra que terá. Não lhe restará fazer mais nada a não ser tentar melhorar seu desempenho em cada uma das fases.


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Os gráficos de Tomb Raider são surpreendentes. Cenários gigantescos associados a alguns dos personagens mais bem modelados já vistos até então no console se unem de forma espetacular. Ao se deparar com a expansão que os cenários possuem, em diversos níveis, com muitas texturas, efeitos de luz, de água, e muitos detalhes, é possível ficar de boca aberta. Mas não o bastante para se menosprezar os  defeitos. Sim, porque tem defeitos. Muitas vezes, podemos atravessar objetos e ver por trás de paredes, só para listar as anormalidades mais ocorrentes. Algumas texturas são visivelmente mal feitas, chegando a ser tosco, e alguns cenários são simplistas demais, apelando para o excesso de ângulos de 90º. Porém, quando olhamos para a Lara e vemos toda a sua riqueza de movimentos, seu realismo e o cuidado estético com o qual ela foi trabalhada para ser o mais perfeita possível, e considerando que se trata do segundo ano do console, não podemos deixar de considerar todo o empenho que eles tiveram. Tudo parece estar acima da média, e, apesar de não ser perfeito, está muito superior às expectativas que tínhamos na época, o que é de dar orgulho. Empenho excelente por parte da equipe da Core Design.

A trilha sonora de Tomb Raider é linda, magnífica. Cada música que toca no jogo foi selecionada a dedo, e representa muito bem a série. Não é à toa que as músicas fazem parte de CDs vendidos à parte, e que fazem sucesso. Os compositores Martin Iverson e Nathan McCree são os responsáveis por tanta maestria com as músicas. Mas não sé só isso, também. Os efeitos sonoros e as dublagens estão em um patamar profissional. Os sons das armas, dos pulos, os gemidos, os gritos dos personagens, os sons das armadilhas, das pedras, do fogo, da água, enfim, tudo foi brilhantemente concebido. Empenho máximo por parte da Core Design.

A jogabilidade é um dos pontos principais. Lara possui toda uma gama de movimentos únicos e realistas que pode realizar. Além de correr, saltar em diferentes alturas, se dependurar, mergulhar, nadar e rolar, ela faz tudo isso com a classe e elegância de uma ginasta. Os movimentos são rápidos e fluidos, fortes e ao mesmo tempo femininos, dando uma característica única para a primeira protagonista modelada em 3D de um game de aventura. É fácil pegar o costume dos movimentos, pois eles são intuitivos, e, mesmo que você não seja um fã de games de aventura, há um modo de tutorial, na casa de Lara, que pode lhe ensinar todos os movimentos que você precisar. Empenho máximo da equipe.

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Tomb Raider não é para qualquer um. Quando afirmo isso, quero dizer que esse game não é indicado àqueles que não têm espírito de aventura. Se você está procurando por um jogo comum para passar o tempo e se distrair, esqueça. Esse não é seu game. Jogando Tomb Raider, você será desafiado a todo instante a pensar e refletir sobre o que está fazendo. Será obrigado a questionar tudo o que acontece, explorar cada centímetro de cada sala, buscar soluções sobre enigmas e enfrentar inimigos injustamente mais poderoso que você. Irá se frustrar e morrer de bobeira para as armadilhas, e ficará irritado com isso. Mas, se você for o tipo de pessoa que curte um desafio, esse game foi feito para você. Não se preocupe tanto com as mortes: há diversos checkpoints e pontos de save no jogo, de modo que não precisa recear tanto assim pela vida de Lara. Tente se divertir enquanto usa sua mente ao máximo, e saiba que esse é um dos games mais difíceis já lançados para o Playstation. Um game para entreter e lhe manter focado, a ponto de esquecer da vida. Diversão garantida, na medida certa. Empenho máximo da Core Design.

Longevidade é o único quesito em que a Core Design podia ter melhorado ainda mais. Veja bem, o game possui 15 fases diferentes e bem elaboradas. Cada uma delas é imensa e repleta de desafios e enigmas que farão o jogador ir e vir diversas vezes, totalmente perdido, em busca de uma solução. Só para passar algumas fases, será preciso cerca de uma hora, senão mais. Sendo assim, um jogador iniciante levará algo em torno de quinze horas para fechar o jogo. Um mais acostumado com quebra-cabeças levará por volta de dez ou doze. Mas, para se conseguir localizar todos os segredos, acredite, trinte horas de jogo talvez não seja o bastante. Algumas áreas secretas são realmente muito bem escondidas, e exigirão muita memória e capacidade de raciocínio. Tudo isso contribui para a longevidade, mas, depois que se fecha o game, não tem mais muita coisa para se fazer. Você pode recomeçar todas as fases pelo qual passou, com munição infinita e inimigos mais fortes, pelo menos. Isso ajudará a explorar mais as fases, e manter-se jogando o game, mas não há mais nada a ser aberto, nenhum extra. Por esse motivo, o empenho da Core Design com a longevidade foi excelente, faltando pouco para ser perfeito.

Tomb Raider fez algo que parecia impossível: ressuscitou um gênero que, até então, ninguém acreditava que pudesse ser reanimado: o da aventura. O game trouxe todos os elementos que marcam presença naqueles games de aventura antigos, sabe, repletos de puzzles inteligentes e muitos labirintos; e mistura tudo com uma excelente dose de plataforma, com seus vários pulos e design de fases elaborado, além de muita ação, tudo em 3D e com uma fluidez impressionante. Tomb Raider foi ousado, apostou numa ideia que não era promissora e que se tornou um marco, um símbolo a ser seguido. Um game que simplesmente influenciou toda uma futura geração de games, e que trouxe de volta um dos gêneros mais amados dos gamers, com força total. Empenho máximo da equipe da Core Design.

Tomb Raider conseguiu a proeza de trazer ao grande público um tipo de game que não conseguia muito destaque anteriormente, o verdadeiro Puzzle Adventure. Com sua união de estilos que cria ao mesmo tempo um estilo único, Tomb Raider é um prato cheio aos gamers que buscam um desafio. Realmente, o jogo irá apenas agradar aos gamers mais hardcore, mas aqueles que tentarem desbravar as tumbas com Lara não irão querer mais largar esse game.




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