Medal of Honor - Analise


                      Medal of Honor


Publicado por
: Electronic Arts
Desenvolvido por: Dreamworks Interactive
Gênero: First-Person Shooter
Diretor: Steven Spielberg
Plataforma: Playstation 
Data de lançamento: 11 de novembro de 1999



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Medal of Honor, caso não saiba, foi criado por Steven Spielberg. Ele produziu e dirigiu esse primeiro game, que entrou para a história do Playstation como o mais bem-sucedido FPS do console. Ele não foi o primeiro game de Spielberg - que até possui um game com seu nome, Steven Spielberg's Director Chair, mas foi a sua participação mais marcante e mais importante para a indústria dos games. O jogo foi dirigido enquanto uma obra de arte, sendo praticamente um documentário sobre a Segunda Guerra Mundial, e contando com todos os elementos que um amante do gênero de tiro em primeira pessoa pode esperar de um game, principalmente após o divisor de águas que foi GoldenEye 007, de 1997.


Após o lançamento de GoldenEye 007, jogo da Rare lançado para Nintendo 64 em 1997, o universo dos first-person shooters mudou para sempre. Os games deste gênero passaram a possuir um novo padrão de qualidade, e todos esperávamos por um novo game que pudesse pelo menos dar uma continuidade. Alguns FPS foram lançados no Playstation, mas nenhum à altura, de modo que pudesse ser chamado de "GoldenEye do Playstation". Quer dizer, até o lançamento de Medal of Honor.
Medal of Honor apresenta todas as características que tornaram GoldenEye um sucesso. O jogo foi feito com ambição o bastante para ser uma obra de arte, tanto que ele foi produzido e dirigido pelo mestre-mor dos cinemas, Steven Spielberg. A paixão de Spielberg por games já é conhecida, sendo que ele já trabalhou em diversos games antes, até mesmo alguns com o seu nome. Mas em nenhum deles ele deu seu toque de Midas como ele fez com Medal of Honor.
O sentimento é de que realmente estamos em guerra. Não são só as músicas e as ambientações que nos fazem sentir isso: é a própria mecânica do jogo. A necessidade de dever cumprido. Antes de cada missão do jogo, assistimos um vídeo em que a situação da guerra é narrada bem ao estilo da época, com direito a gravações reais. Bem ao estilo: "Os alemães estão invadindo pela costa oeste. Mas os nossos homens encontraram uma forma de dizimar com seus planos de ataque". É de ficar impressionado com o que vemos. Aí, após assistirmos o vídeo, recebemos nossa missão em detalhes contada através de documentos, e somos logo postos em ação. E aí, após cada missão, assistimos a mais um vídeo, de qualidade semelhante ao anterior, contando em que a nossa ação interferiu nos rumos da guerra. É de se admirar como realmente tudo se encaixa e faz sentido, a ponto de o jogador realmente imaginar se houve algum Jimmy Patterson na história real que fez tudo aquilo. Trata-se da mais fiel representação da Segunda Guerra Mundial já realizada nos videogames. Simplesmente fantástico.

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Cada missão é dividida em três ou quatro fases, e cada fase é composta por diferentes objetivos. Patterson recebe seus objetivos no começo da missão, mas ele também recebe novos objetivos no decorrer da missão. Os objetivos são sempre diferentes de missão para missão, e envolvem os principais atos de heroísmo que um soldado é capaz de fazer, como invadir uma base inimiga sozinha, roupas documentos de guerra importantes, espionar os projetos inimigos, assassinar pessoas importantes, sabotar armas inimigos, plantas explosivos em pontos estratégicos e fugir. As missões são sempre diferentes, e são variadas o bastante para não cansar o jogador.
Medal of Honor possui um toque de Stealth Action também. Em diversas fases, é possível passar desapercebido em algumas partes. Não é raro o jogador encontrar um soldado inimigo dormindo, fumando, conversando, ou urinando em um canto. Aí, ele pode matá-lo pelas costas com a arma mais silenciosa possível, para não causar alvoroço, e seguir em frente. Isso tira um pouco do sentimento de Rambo de querer sair por aí metralhando tudo e todos que aparecerem pela frente. Às vezes, vale a pena ser silencioso e pegar os inimigos desprevenidos, quando for possível.
Há três missões no jogo que são missões específicas de espionagem. Nessas missões, Patterson está disfarçado de coronel inimigo, e tem de invadir uma base sem dar bandeira. Para tal, cabe ao jogador infiltrar-se no local, e, se sempre que for questionado, mostrar sua identificação ao oponente. É claro que não é tão simples assim: teremos de matar alguns superiores inimigos, de modo a podermos pegar a identificação deles e obter acesso a áreas com maior segurança. Nessas fases, o clima é de mais suspense ainda, pois o medo de ser identificado é uma constante e um movimento em falso pode por tudo a perder.

Agora, se a missão exigir que o jogador meta bala, não vai faltar motivos para isso. São diversas armas disponíveis no jogo, de pistolas a metralhadoras, de rifles sniper a granadas, de espingardas a bazucas. Todas, obviamente, estilizadas e de acordo com a época. Tem SMG, tem a famosa Browning, tem as granadas alemãs, chamadas StielHandGranate, tem Colt 45, enfim. Cada uma reage como elas reagiriam em uma situação real, então cabe ao jogador escolher a melhor arma para cada ocasião. O personagem não se limita a uma ou duas armas: ele pode levar tantas quantas ele quiser.
Agora, vamos falar sobre a inteligência artificial. O trabalho que eles tiveram com a inteligência artificial inimiga foi excelente. Os inimigos são inteligentes, e reagem de forma bem realista. Os inimigos são vistos patrulhando áreas, mas também podem ser vistos sentados em um canto, fumando, comendo, enfim, fazendo alguma coisa. Ao avistarem você, eles não irão prontamente ficar parados no meio do corredor atirando em você. Eles irão correr para um cover, de onde eles tentarão atirar em você protegidos, como um soldado real faria. Conforme avança no jogo, os inimigos vão ficando mais e mais inteligentes. Eles gritam, pedem ajuda, se escondem, armam emboscadas e tal. Não é raro encontrar um grupo de soldados que lhe atacarão de diferentes lados. Enquanto um atira para dar proteção, outro lança uma granada na sua direção. Eles sempre tentarão lhe cercar ou se esconder para lhe pegar desprevenido pelas costas. Sem contar que eles reagem muito bem aos seus disparos. Atire no pé de um dos soldados, e eles irão saltar de dor, segurando o pé ferido. Atire na barriga, e eles se debruçarão no chão, com a mão sobre a barriga, e assim por diante. Às vezes, ao receberem alguns tiros em pontos não-fatais, eles cairão, mas não morrerão. Se for observá-los, verá que eles lentamente vão se levantando, se reconstituindo, e, mesmo feridos, tentarão atirar em você depois de um tempo. Sempre certifique-se que eles morreram mesmo! Se eles estiverem morrendo, eles poderão dar uma última saraivada de balas, na tentativa de lhe ferir antes de morrer. E ainda tem as animações com granadas. Lance uma granada próximo ao inimigo e ele não vai pensar duas vezes: ele vai pegá-la e lançá-la de volta a você (coisas que personagens de games de hoje ainda não fazem). Lance uma granada em um grupo de inimigos e um dos soldados irá se debruçar sobre a granada, de modo a impedir que seus companheiros se machuquem. Esses detalhes na inteligência artificial são muito interessantes em um game desse tipo, e algo que é raro de se encontrar em games daquela época.

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As fases são grandes e algumas parecem labirintos. Não há qualquer sistema de navegação do jogador (afinal, é de acordo com a época), nenhum mapa, nada. Ou seja, não é raro encontrar um jogador perdido sem saber como sair de uma área repleta de corredores e de salas iguais. Algumas fases, como a dos esgotos, foi feita justamente para que o jogador se perca. Aí, cabe ao jogador usar de seus instintos para encontrar a saída (já que o jogo não ajuda e nada). Quer dizer, em algumas fases, até dá para saber onde temos de ir pelas placas escritas em alemão mostrando locais e tal. Mas, nas fases de florestas ou subterrâneas, em que é tudo igual, acabar indo pelo lado contrário é o mais habitual de se fazer. Além disso, o jogador ganha em querer explorar a fase minuciosamente. Em praticamente toda fase há algum canto secreto, uma abertura especial ou uma sala extra que contém munição e itens de cura. Vale a pena procurar por essas salas, que, geralmente, são encontradas ao final de dutos de ventilação abertos ou em paredes falsas que podem ser quebradas.
Após terminar cada fase, aparecerá um ranking de desempenho na fase e uma lista completa sobre seu percorrer na fase. Mostrará quantos tiros você deu, quantos tomou, onde acertou os seus tiros, a sua taxa de acerto e um codinome de acordo com sua mira. Ou seja, se você acertou muito as cabeças dos oponentes, será chamado de "arrancador de cabeças", ou algo do tipo. Se acertou muito os braços, será chamado de "fatiador de braços", e assim por diante. Mas isso não importa nada: o que importa é o seu desempenho, que é medido em estrelas. O ranking de um a três estrelas é decidido através de ações simples. Se conseguir três estrelas em todas as fases de uma missão, receberá uma estrela e alguns extras.
Para conseguir o ranking máximo de cada fase, tudo o que tem a fazer é matar todos os inimigos da fase (não pode deixar nenhum) e completar a fase com mais de 75% da sua vida. É só fazer isso. O problema é que não é assim tão simples: algumas fases possuem salas secretas onde os inimigos se escondem, e temos de encontrá-las para tal. Sem contar que tem partes em que os inimigos vêm em enxurradas, e valeria mais a pena correr na direção contrária, mas, se quisermos o melhor ranking, teremos de eliminar todos. Caso o jogador não consiga realizar o melhor desempenho em uma determinada fase, ele sempre pode voltar a ela. Há um menu no jogo que lhe permite ver seu desempenho em cada fase e lhe permite também voltar para qualquer fase que quiser, a qualquer momento. Aí, fica mais fácil, né?
De qualquer forma, o jogador será recompensado por isso. Ao completar uma missão com todas as fases em desempenho máximo, ganhamos uma medalha. A medalha não serve só para decorar a nossa caixinha de medalhas: ela também disponibiliza alguns extras. Para começar, cada medalha disponibiliza um código secreto, um cheat, que podemos habilitar ou desabilitar no menu de opções. São vários cheats: munição infinita, inimigos mais fortes, mais fracos, entre outros. Esses cheats servem para caso o jogador queira continuar jogando o jogo, mas sem compromisso, só por curtição mesmo.
E não é só isso: as medalhas ainda disponibilizam novos personagens e cenários no modo multiplayer. Medal of Honor possui um modo multiplayer em tela dividida que é bem inspirado no GoldenEye 007. Trata-se de um deathmatch comum, em que o objetivo é matar o oponente. O jogador pode escolher um personagem, um cenário, uma condição de vitória (um limite de tempo ou uma contagem de mortes) e as armas que serão utilizadas. Algo bem simples, mas ainda bem divertido. Ainda mais se for contar que podemos habilitar, através das medalhas, novos e curiosos personagens. Há, no total, 28 personagens, contando com vários que são engraçadíssimos. Que tal jogar personalidades reais como o primeiro-ministro Winston Churchill? E com o escritor William Shakespeare? Talvez o cientista alemão Werner Von Braun? Tem vários caras bacanas e famosos que poderá usar para trocar tiros no modo multiplayer. Mas, se quiser, ainda pode habilitar um cachorro chamado Bismarck, ou um velociraptor do Jurassic Park (ideia de Spielberg, claro). É muito cômico, e um dos grandes momentos do jogo, sem dúvida. O modo multiplayer ainda conta com sete fases diferentes.

Os gráficos são bonitos em alguns quesitos e feios em outros. A ambientação dos cenários é realista e detalhada, com uma riqueza impressionante. Mas o melhor fica para a animação dos personagens, que é uma das mais fieis que você poderá encontrar no console. Os inimigos reagem de maneiras distintas a seus disparos e a seus ataques. É difícil encontrar um jogo em que os personagens possuam movimentos tão fielmente estipulados, talvez perdendo para GoldenEye 007. Só que os gráficos são escuros demais, e serrilhados demais. Os objetos parecem bonitos à distância, mas, quando nos aproximamos, vemos que são quadradões e abaixo da média em qualidade final. Quanto às cenas, não tem muito o que dizer. A maioria dos vídeos são gravações reais, mas há algumas poucas cenas em animação, comuns e não atraentes. O empenho da Dreamworks com os gráficos foi considerável, levando em consideração que, apesar dos defeitos, eles souberam explorar bem alguns pontos fortes, como a animação dos personagens.

As músicas foram compostas por Michael Giacchino, e são excelentes. Uma trilha sonora invejável, exclusiva e feita unicamente para se adequar à época. As composições são lindas, e se encaixam muito bem ao estilo do jogo. São 17 composições. Além disso, o som de gritos, tiros e explosões foram bem trabalhados e estão muito realistas. Cada arma possui seus sons característicos, e os sons ainda variam de acordo com o ambiente. Ouvir as balas ricocheteando enquanto se está correndo por um corredor nunca foi tão emocionante. Para finalizar, as dublagens dos personagens durante as cenas está realmente sensacional, imitando o som de filmes antigos. Durante as missões, podemos ouvir os alemães gritando palavrões e ordens uns para os outros em alemão. Também podemos ouvi-los comunicando-se pelo rádio, em inglês e em alemão, e tudo é bem fantástico e realista. O empenho da Dreamworks foi o máximo com o trabalho sonoro desse game.

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A jogabilidade é um dos pontos fortes do jogo. Todos os comandos obedecem bem ao controle e foram bem pensados. O jogador pode atirar, pular, abrir portas, andar para os lados, mirar manualmente, esgueirar-se enquanto mira, agachar-se, entre outras coisas. Em um todo, a jogabilidade é viciante como nos melhores FPSs. Tudo é rápido, e não deixa o jogador na mão. Não há um tutorial de jogo propriamente dito, mas, sempre que se espera alguma coisa mais complicada (como desarmar uma bomba ou plantar um explosivo, por exemplo), os referidos comandos são dispostos antes de cadas missão, de modo que o jogador não se sinta prejudicado ou perdido. Porém, não posso dar a nota máxima por causa de uns defeitos que acontecem vez ou outra. Nada que perturbe a diversão o tempo todo, mas, vez ou outra, o jogador se deparar com alguns glitches, e o jogador chega a travar em um canto, ou ficar preso atrás de algum objeto por alguns segundos. É coisa rara, mas nos faz pensar por que eles não resolveram isso. Mesmo assim, empenho excelente com a jogabilidade.

Medal of Honor foi feito para proporcionar ao jogador o máximo de diversão que se pode esperar de um first-person shooter. As missões são variadas, a história do jogo não é batida a ponto de ser desinteressante, os tiroteios são muito bem planejados e o nível de dificuldade vai crescendo de fase para fase. O jogador vai sendo, pouco a pouco, habituado a ser mais cauteloso, e a desenvolver estratégias melhores para não cair nas armadilhas. A sensação de estar o tempo todo cercado e correndo perigo e é uma constante, e a adrenalina segue no talo do começo ao fim das missões. Explorar bases alemãs e matar nazistas nunca foi tão divertido. O empenho da Dreamworks de fazer um jogo divertido é louvável.

A Dreamworks não dormiu no ponto com a longevidade. Ela sabe muito bem que um jogo FPS precisa ter um quê a mais para manter o jogador jogando. Medal of Honor possui 23 missões. Não é um número pequeno, mas não se pode contar apenas com isso. O sistema de rankings e de extras que foi implementado no jogo funciona muito bem, e faz com que o jogador continue jogando o game até conseguir todos os extras e todas as medalhas. Mas o melhor não é nem isso: o verdadeiro motivo pelo qual a longevidade do game é tão boa é o modo multiplayer. Foi adicionado um modo deathmatch em tela dividida com direito a diversas possibilidades: o jogador pode selecionar seu personagem, o cenário, o modo de jogo (por tempo ou por mortes) e as armas a serem utilizadas na jogatina. Bem ao estilo GoldenEye 007, o qual é a inspiração básica, mas funciona muitíssimo bem. O modo deathmatch ainda é só um deathmatch, mas é divertido pacas, e manterá a jogatina por mais algumas semanas além do habitual. Empenho máximo.

Medal of Honor não é necessariamente um show de inovação. Ele se inspirou e muito no game GoldenEye 007, como pode ser percebido em diversas características do game. Mas o que se pode esperar? É melhor se inspirar no que há de melhor do mercado, não é? Mas também estaria sendo injusto se estivesse dizendo que o jogo é uma imitação barata do 007: ele é um jogo único, com estilo próprio. Teve influências, assim como foi habilmente inspirado também em filmes excelentes como O Resgate do Soldado Ryan. Em um todo, Medal of Honor pegou muita coisa que já existia, mas também aperfeiçoou quase tudo o que pegou e apresentou muita coisa nova para a indústria. Além disso, vamos falar sobre o patamar Playstation: não havia nada, mas nada mesmo, no gênero, que pudesse ser comparado a Medal of Honor no console até o seu lançamento. Para o console, ele foi um dos games mais inovadores lançados em 1999. Analisando como um todo, o empenho da Dreamworks em realizar algo inédito foi sim excelente.

Medal of Honor já pode ser considerado o GoldenEye 007 do Playstation. Uma estrutura sólida de jogo, uma mecânica eficiente, jogabilidade viciante, missões variadas, dificuldade crescente, modo multiplayer consistente, enfim, está tudo aqui. Recomendado para todos os fãs de first-person shooters, que, agora, podem contar com o Playstation para poderem curtir também um dos grandes clássicos do gênero.




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